Alimentos
O impacto das mudanças climáticas e do modelo econômico na segurança alimentar global

O impacto das mudanças climáticas e do modelo econômico na segurança alimentar global

As mudanças climáticas e a concentração de renda no modelo econômico atual estão profundamente interligadas e exercem impactos combinados sobre a segurança alimentar global. Enquanto eventos climáticos extremos, como secas e inundações, reduzem a produtividade agrícola, a desigualdade econômica restringe o acesso aos alimentos e dificulta a implementação de estratégias de adaptação. Estudos da FAO mostram que mais de 820 milhões de pessoas passam fome globalmente, enquanto a produção de alimentos seria suficiente para alimentar o dobro dessa população – um reflexo claro de problemas de distribuição causados por sistemas econômicos desequilibrados.

Além disso, a concentração de renda exacerba as mudanças climáticas. Empresas em busca de lucros contínuos priorizam práticas agrícolas intensivas e de curto prazo, que contribuem significativamente para a emissão de gases de efeito estufa. Um relatório do Carbon Majors Database revelou que apenas 100 empresas são responsáveis por 71% das emissões globais desde 1988. Esses números apontam como o modelo econômico atual prioriza benefícios concentrados em detrimento de soluções globais sustentáveis, comprometendo tanto o ambiente quanto a segurança alimentar.

Os países mais pobres, que dependem fortemente da agricultura de subsistência, sofrem os piores impactos. Além de enfrentarem condições climáticas mais severas, eles carecem de investimentos para tecnologias agrícolas adaptativas e proteção climática. Ao mesmo tempo, a concentração de riqueza global impede que fundos significativos sejam direcionados para a mitigação de desastres climáticos, bloqueando políticas de redistribuição que poderiam transformar as condições de segurança alimentar.

Para reverter esse cenário, é necessário abordar os desafios econômicos e climáticos de maneira integrada. Políticas que reduzam a desigualdade de renda, como impostos progressivos e investimentos em infraestrutura sustentável, poderiam ampliar o acesso a alimentos e promover a resiliência climática. Além disso, práticas como a agricultura regenerativa e o incentivo à economia circular devem ser priorizadas, criando um ciclo virtuoso que beneficie tanto o meio ambiente quanto as populações mais vulneráveis.

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